terça-feira, 15 de novembro de 2011

Pedaços de nós


Estar numa varanda e faltar um dos lados, só restam umas plantas altas onde antes existia um bocado de parede, sólido. Existe um vendaval e nesta varanda as cadeiras estão de pernas para o ar e parece não haver gravidade pois elas agitam-se num baile bizarro. Fico a pensar como aconteceu isto, como se perdeu parte da varanda, onde antes era seguro andar e agora tenho de me acautelar. Chove, o vento empurra-me, entra-me no corpo e tento manter-me de pé.
Se caio é o abismo que me espera, uma espécie de buraco negro.
Mas não caio.


Aqui reina o medo, medo da nossa casa interna se poder desmoronar, de perdermos partes de nós, tal como aconteceu na varanda, medo de não controlar o que se passa cá dentro, medo de cair e não conseguir voltar a subir.


Somos assim nós.



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